Foto de perfil de Juliano Righetto

Eu usei e abusei deste conforto.

Minha mãe foi muito generosa comigo. Sempre me incentivou a fazer o que eu queria, e me bancou por isto. Sem este incentivo, eu não teria conseguido me formar como ator. Morei com ela até começar a trabalhar na Globo, no Rio de Janeiro, e comecei tarde, aos 30 anos.

Posteriormente voltamos a morar juntos, até mesmo porque ela já não tinha a mesma capacidade de trabalho (mesmo assim, continuou trabalhando até os oitenta anos) e precisava de ajuda. Acho que só neste ponto é que, realmente, percebi que a tal segurança tinha acabado. Não só isto: a partir dali, o responsável pela segurança da família passou a ser eu.

Não é fácil…

Outro dia destes, mesmo, ela me disse se sentir "minha filha". Sim, também sinto isto. Ela tenta ser a velha e boa mãe de sempre, mas já não consegue mais. Eu tenho muitas saudades da época em que sentia que podia dar meus saltos por aí porque sempre haveria uma enorme e forte rede debaixo para me segurar, caso caísse.

Virei rede.

Fazer o quê? É a vida adulta… Todos passaremos por isto um dia.

Espero ser uma rede à altura.

Eu e minha "filha", no último réveillon

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